Como vão seus rins?!


Oi gente!! Tudo bem?!


O tema de hoje foi sugestão de uma leitora lá no facebook. Ela comentou um caso específico, mas vou aproveitar e falar de forma um pouco mais geral sobre os rins, tão importantes e negligenciados. 

Os rins, são órgãos localizados abaixo do diafragma e que tem como principal função a filtragem do nosso sangue, sendo dividido em córtex e medula. Eles filtram cerca de 180 litros de sangue por dia, produzindo em torno de 1,2 a 1,8 litros de urina nesse período.
Não cabe aqui entrar na parte técnica sobre a fisiologia renal, mas de maneira geral o sangue é filtrado pelos rins a medida que o mesmo circula pelo nosso organismo e carrega consigo as impurezas resultantes dos milhares de processos metabólicos que acontecem incessantemente no nosso corpo. Nem tudo que está no sangue, porém, acaba entrando no rim, pois ele possui uma forma de filtro que impede partículas grandes de irem para seu interior a fim de proteger o órgão de uma lesão. 
Após receber o sangue, os nefrons (parte funcional do rim) fazem a filtragem e depois recuperam do filtrado água e solutos que não devem ser excretados, encaminhando então para a bexiga através dos ureteres apenas as excretas, principalmente ureia. 

Esse é o funcionamento normal de um rim saudável. Porém, em algumas patologias a função renal fica comprometida e há excreção de solutos que não deveriam ir para produção de urina. É o caso do diabetes, por exemplo. Você já reparou que quando um diabético descompensado faz xixi há uma tendencia a juntar formigas em torno do vaso sanitário? Isso ocorre pela excreção inadequada de glicose pela urina.
Pacientes que já se encontram em condição de doença renal crônica (DRC), devido anos de hábitos alimentares inadequados, ingestão insuficiente de água, uso de medicamentos, doenças infeccionas ou problemas genéticos de ordem hereditária necessitam de um acompanhamento especial em relação a dieta. O que o paciente ingere e a quantidade fazem ENORME diferença nesse caso. 
Quando há presença de DRC ocorre uma alteração no funcionamento de todo o organismo e surgem distúrbios hidroeletrolíticos, hormonais e metabólicos que contribuem para um quadro nutricional marcado por depleção de reservas de gordura e proteína, Estudos tem demonstrado que em pacientes com DRC os marcadores inflamatórios encontram-se elevados aumentando o catabolismo e diminuindo o apetite. 
É importante, para que o paciente com DRC não entre na fase dialítica (recorrer a diálise), controlar a pressão arterial e manter a hemoglobina glicada abaixo de 7%, ela está relacionada ao diabetes. 
Em relação à alimentação, o controle na quantidade de proteína é fundamental, já que um consumo elevado aumenta a proteinúria causando danos aos rins e morte. A diminuição no consumo de proteína protege o rim, retardando a progressão da doença e, também, diminui o estresse oxidativo renal. A recomendação, embora haja incertezas sobre os valores, é de que pacientes, principalmente nos estágios 3 a 5 da fase não dialítica, realizem dietas que contenham de 0,6 a 0,8g/kg/dia de proteína. Os estágios 1 e 2 podem consumir a recomendação normal de 0,8 a 1g/kg/dia. Quanto ao tipo de proteína a ser ingerida, ao menos 50% deve ter origem em fonte de alto valor biológico: alimentos proteicos de origem animal. 
Pacientes que já estão em diálise tem uma recomendação maior de proteína, variando de 1,2 a 1,3g/kg/dia. Outros nutrientes também merecem atenção, abaixo está uma tabelinha com recomendações sobre potássio, fósforo e ferro:


Além disso, a água e o sódio devem ser muito bem observados e quantificados. Pacientes com DRC comumente apresentam hipertensão arterial e a recomendação de sódio fica entre 2000 a 2300mg/dia (metade do que o brasileiro geralmente consome), dando cerca de 5 a 6g de sal (Cloreto de sódio). Pacientes em hemodiálise devem ter uma ingestão menor, não só pela hipertensão mas também por necessitarem de restrição hídrica. Em relação ao sal light, que tem ganhado consumidores, não deve ser consumido por pacientes com problemas renais, uma vez que é composto em parte por cloreto de potássio.
Em relação à água, pacientes em hemodiálise necessitam de restrição hídrica tendo a recomendação baseada na capacidade individual de excreção pela urina e suor. De maneira geral, um consumo de 500 a 1000ml/dia somados ao volume de diurese residual de 24h deve ser recomendado. Pacientes que não urinam devem consumir apenas 500ml/dia.

Quanto à ingestão de fibras, pacientes com doença renal crônica ingerem menor quantidade de líquidos, não realizam atividade física, usam suplementos de ferro e quelantes de fósforo e ingerem menor quantidade de fibra alimentar por conta das restrições em relação à frutas e verduras o que pode causar obstipação. A recomendação de fibras para esses pacientes é de 20 a 25g/dia, podendo se utilizar o farelo de aveia na dieta, pois embora seja rico em potássio esse parece não ser absorvido.
Incluir frutas e vegetais para garantir ingestão de fibra alimentar, entretanto, é mais indicado para pacientes em diálise do que os em hemodiálise, que precisam de maior controle da ingestão de potássio.

Embora eu tenha dito aqui quais as recomendações gerais, cada paciente deve ser acompanhado por um médico nefrologista e um nutricionista para que cada nutriente seja adequado à sua condição fisiológico e marcadores bioquímicos.

Espero ter sanado algumas dúvidas, embora o assunto seja EXTREMAMENTE extenso para se falar em apenas um post. Para quem quiser e/ou souber de alguém com DRC, o site da Sociedade Brasileira de Nefrologia traz uma área específica para pacientes e possui tabelas com a quantidade de cada micronutriente em diversos alimentos para ajudar nas escolhas dos pacientes no dia a dia. Você pode acessar o site clicando aqui.

Beijos da nutri!!

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